O ritmo de crescimento das insurtechs na América Latina está diminuindo: o Brasil lidera com 200 e o Chile é o mais dinâmico

A análise do ecossistema na região revela que já existem 470 insurtechs, com um aumento anual de 9%, o que indica uma desaceleração significativa. A taxa de mortalidade anual é de 11% e espera-se que aumente.

por InsurMarket Latam

As insurtechs são atores que vieram para ficar e desempenham um papel cada vez mais importante no mercado de seguros. Embora contribuam em muitos verticais, é certo que estão emergindo cada vez mais como um complemento (e não como concorrentes) das empresas tradicionais.

E se há uma fonte que analisa em detalhes tudo o que está acontecendo neste universo, é a Digital Insurance Latam, que recentemente apresentou seu relatório atualizado em julho de 2023, intitulado “Latam Insurtech Journey”.

No relatório, observa-se que o crescimento anual está desacelerando fortemente, com um aumento de apenas 9%, totalizando agora 470 empresas (muitas delas com presença em vários países da região).

A taxa de mortalidade anual (incluindo pivôs) continua em 11% e esperamos que aumente, já que muitas estão enfrentando dificuldades. A maioria delas é composta por insurtechs locais (92%)”, explica Hughes Bertin, diretor da Digital Insurance Latam.

De acordo com seus dados, excluindo essa taxa de mortalidade, o crescimento orgânico é de 20%, o que significa que surgiram ou fizeram pivot 89 empresas nos últimos 12 meses (período em que 49 delas desapareceram).

Uma nota positiva é que, em 2023, o investimento atingiu quase 100 milhões de dólares, um aumento de 178% em relação ao mesmo período de 2022. No entanto, esse número deve ser analisado com cautela.

Este crescimento anual surpreende, mas é difícil determinar se é um investimento para crescimento ou financiamento para prolongar o ‘runway’, ou seja, financiar os déficits”, esclarece o especialista francês radicado no Chile.

Como ele enfatiza, a alta taxa de mortalidade das insurtechs locais (92%) reforça a importância da internacionalização, o que é um desafio significativo. Nesse sentido, deve-se observar que a expansão internacional ainda está crescendo 23%, com um índice de internacionalização de 12,3%.

Além disso, é importante notar que os países latino-americanos continuam a atrair insurtechs estrangeiras, especialmente no México, Colômbia e Peru. O índice de atração atingiu 18%, o que representa um aumento de 30% em um ano.

Outro dado interessante é que 4 em cada 10 insurtechs estão focadas em distribuição digital. Além disso, 16% das insurtechs estão criando novos modelos de negócios (incluindo insurtechs full-stack) e 44% atuam como facilitadores e colaboram com seguradoras, resseguradoras e intermediários.

O que acontece em cada país

Ao analisar país por país, surgem dados muito interessantes, destacando o Brasil como o líder em volume (quase 200 insurtechs) e o Chile como o país que impulsiona o crescimento.

Argentina: Este ecossistema está desacelerando (-4%) com uma taxa de mortalidade de 16%, principalmente para insurtechs que não conseguiram exportar seus serviços. Por outro lado, está atraindo plataformas de bem-estar como Betterfly, Fully Ecosystem, Vivawell ou Nau.

Brasil: Continua sendo o motor da região, com 198 insurtechs e um crescimento robusto de 16%. O investimento retornou (72% do total da Latam) e liderou 6 rodadas significativas em 2023, totalizando US$ 71 milhões. “O destaque do período é a autorização de novas seguradoras, como Kakau ou 180 Insurance”, observa Bertin.

Chile: Tornou-se o motor de crescimento (+29%), impulsionado pela InsurteChile em colaboração com novas insurtechs como Thingstek, Autoinspector ou PlexoTech. No entanto, alerta para “a falta de financiamento nos últimos meses (apenas US$ 10 milhões na rodada da Gerty), o que coloca o ecossistema sob pressão.

Colômbia: Entrou em uma fase de consolidação, com um crescimento de apenas 13%. “Colômbia, por outro lado, é um país que atrai muitas insurtechs estrangeiras, com uma taxa de atração de 35%”, comenta.

México: Superou as 100 insurtechs (um total de 108) e continua a crescer (+21%). Permanece inovador com novos modelos de distribuição como Kinsu, Berrysafe e Mi Compa e demonstra um forte foco na área da saúde.

Peru: É um país que exporta suas insurtechs (com uma taxa de internacionalização de 36%), mas, acima de tudo, atrai insurtechs estrangeiras (com uma taxa de atração de 58%), como a chegada da MeCubro. Atualmente, possui 26 insurtechs.

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