ENVIADOS ESPECIAIS.- No âmbito do XXIX Congresso Ibero-Americano COPAPROSE 2022, realizado entre 14 e 16 de setembro no Hotel Marriot, na Cidade Autônoma de Buenos Aires, conversamos com Marvin Umaña e Agustina Decarre, presidentes da Confederação Pan-Americana de Produtores Assessores de Seguros (COPAPROSE) e da Federação de Associações de Produtores Assessores de Seguros da Argentina (FAPASA), respectivamente.
Ambas as entidades foram organizadoras do encontro que reuniu produtores, intermediários, corretores e agentes (sua terminologia varia de acordo com cada país) da região da América Latina, Espanha e Portugal, que se tornou um espaço de diálogo sobre o desenvolvimento desta figura importante para o setor.
Como o costarriquenho Umaña apontou para InsurMarket Latam, “A COPAPROSE é uma entidade que está completando 55 anos, desde que nasceu em 1967, e é formada por membros de 24 associações de 17 países”. Além disso, é membro da Federação Mundial de Intermediários de Seguros (WFII), que atua como elo com as organizações mais importantes do mundo em termos de regulação e desenvolvimento financeiro.
Por isso é um importante espaço de trabalho para o corretor, ao qual a argentina Decarre destacou que “é uma alegria e uma honra receber os membros da COPAPROSE e os representantes das 22 delegações da FAPASA de todo o país em Buenos Aires , que fez um grande esforço para participar, pois o cenário internacional se torna válido nesses eventos”.
Ela enfatizou que este encontro abordou muitos assuntos importantes para os corretores de seguros, como modelos de negócios e sua regulamentação, a importância do seguro inclusivo e a incorporação de tecnologia, entre outros. Além disso, de acordo com o lema deste encontro, este ano houve uma discussão particular sobre “como o Corretor de Seguros pode ser o protagonista do futuro do seguro”.
Novidades na COPAPROSE
No âmbito desta reunião, e como prelúdio das conferências abertas ao público presente, foi realizada a Assembleia Extraordinária da COPAPROSE, que constituiu uma oportunidade de atualização do estatuto da entidade. “27 artigos foram atualizados. Entre outros motivos, porque a pandemia nos deixou com algumas necessidades específicas”, revelou Umaña.
Consequentemente, entre outras coisas, o que foi feito foi possibilitar a realização de assembleias virtuais e simplificar a estrutura da organização para que, se antes havia uma assembleia geral, um conselho de administração e uma comissão executiva, agora esta última foi eliminada e apenas as outras duas instâncias permanecem. “Isso torna a tomada de decisão mais direta e funcional”, destacou o presidente da COPAPROSE.
Da mesma forma, a possibilidade de reeleição do presidente da Confederação foi limitada a apenas um período, com o objetivo de favorecer a alternância na entidade e tornar sua gestão mais transparente.
O futuro do corretor, uma questão chave
Entretanto, fora da assembleia, o foco esteve nos desafios que se colocam ao corretor, que, como referiu Umaña, “são vários, mas o principal é ter consciência da importância do seu papel na cadeia de valor do seguro”.
Sublinhou que é dever do corretor de seguros “saber que o cliente vem em primeiro lugar e identificar que o seguro não é um produto tangível que se compra, pelo que é muito importante a profissionalização do intermediario”.
Para Umaña, os corretores têm o compromisso de recomendar o seguro ao cliente com base em quatro pilares: características do produto, solvência da empresa, preço e atendimento. Por isso, destacou que eventos como o encontro da COPAPROSE em Buenos Aires, do qual participam seguradoras, além de Corretores, são a prova de que “a relação entre agentes e seguradoras é cada vez mais sinérgica”.
E enfatizou que “a presença do corretor é muito importante e a seguradora deve saber que essa figura é central no setor, porque gera valor agregado no processo de venda de seguros”. Nesse sentido, ele acredita que o feedback entre o Corretor e a empresa é essencial, pois o primeiro é quem tem contato direto com o cliente e mantém uma relação pessoal com ele e sua família.
É nesta linha que, para Decarre, “no futuro, o corretor vai continuar a ser o protagonista do sector segurador”, embora alerte que o fará seguramente de um lugar diferente: mais empreendedor, com maior formação e novas habilidades. E é que, para avançar neste caminho, ela considera essencial “entender o que o futuro nos exige e como podemos enfrentar essas necessidades”.
Umaña concordou com isso, chamando o treinamento constante de essencial e abordando questões centrais para o momento atual, como a operação do Blockchain e ferramentas tecnológicas. O corretor deve zelar pelo segurado porque, como disse o dirigente da COPAPROSE, “ninguém lê uma apólice e confia que o produto funcionará como deveria quando necessário”.
Realidades diferentes, com muitos pontos em comum
Agustina Decarre ressaltou que, em geral, todos os assessores da região têm praticamente os mesmos problemas e desafios. “Verificamos isso como membros da COPAPROSE, onde praticamente todas as questões que são abordadas por cada país têm muitos elementos em comum”, disse.
Ela destacou que nas reuniões e painéis do evento foi constatado que os corretores de seguros compartilham as mesmas preocupações e alegrias em todos os países membros, como as questões de prevenção à lavagem de dinheiro, o reconhecimento do papel do corretor, a delegação dos encargos administrativos das tarefas das empresas para os corretores, as implicações dos seguros integrados e a necessidade – e ao mesmo tempo dificuldades – de adotar tecnologia de ponta.
“Achamos que às vezes são questões muito locais, mas, no final das contas, todos acabamos nos preocupando mais ou menos da mesma forma, com a aparência local”, disse Decarre. E por isso considera que os membros da COPAPROSE devem ter a responsabilidade de falar a mesma língua e avançar para tomar decisões em conjunto em busca de uma atividade que merece crescer.
Além da empatia e do trabalho conjunto que vem sendo feito, Umaña alertou que a regulação é um elemento muito variável de um mercado para outro e que, no mundo de hoje em que a tecnologia apagou fronteiras, em termos de negócios é um problema: “É muito importante que os critérios sejam unificados para homogeneizar as regulamentações, por exemplo, em termos de lavagem de dinheiro. Hoje, a venda off-shore é um conceito que ameaça o negócio das corretoras locais, e é preciso equalizar as condições de concorrência”, alertou.
Conheça os produtos e as necessidades do cliente
No mundo de hoje, o PAS tem desafios muito diferentes dos de 5 anos atrás. De fato, o desenvolvimento de novos produtos, como seguros inclusivos e coberturas vinculadas às mudanças climáticas, estiveram no centro do cenário da COPAPROSE 2022.
Conforme explicado por Umaña, a natureza dos novos produtos deve ser bem compreendida. Ele explicou, por exemplo, que “microsseguro não é o mesmo que seguro inclusivo, pois o primeiro é voltado para os setores mais vulneráveis e o segundo é voltado para aqueles que não eram cobertos anteriormente, como pessoas com deficiência ou minorias sexuais, entre outros.
Isso está relacionado, conforme detalha o costa-riquenho, com a necessidade fundamental de perceber qual é o papel do seguro em uma sociedade e, nesse sentido, destacou que “é muito importante estabelecer até onde vai o seguro, os limites que ele tem, e isso deve ser estabelecido pelo corretor em seu relacionamento com o cliente e no feedback com as empresas”.
Duas visões coincidentes e um futuro que, sem dúvida, terá o corretor de seguros no centro da cena, consolidando seu papel e liderança no mercado segurador regional.