O mercado latino-americano demonstra resiliência, apesar dos ventos econômicos adversos decorrentes da inflação elevada e das condições monetárias restritivas. De acordo com o último Relatório de Mercado da América Latina 2023 do Swiss Re Institute, prevê-se que o total de prêmios na região ultrapassará o produto interno bruto (PIB) em 2023-2024. Caroline de Souza Rodrigues Cabral, economista sênior do Swiss Re Institute, avalia que este crescimento acontecerá também por conta da baixa penetração do seguro, com o aumento da consciência de risco pela sociedade.
Depois da pandemia, tivemos a alta da inflação, dos custos de sinistros, tanto em danos quanto em benefícios. E o ambiente econômico, apesar de em alguns países o crescimento ser maior do que o esperado, ainda sofrem com instabilidade. A indústria de seguros, nos últimos anos, tem sido muito resiliente”, define Caroline.
Ela acredita que o setor de seguros cresça mais que o PIB nos próximos cinco anos. A previsão, com os números atuais, é 4,2% em média/ano, de 2023 a 2027 para os seguros de vida e de 5% em médio/ano, para os produtos de ramos elementares no mesmo período.
O crescimento da indústria de seguros pode ser influenciado por fatores estruturais e fatores cíclicos.
Pelos fatores estruturais, a América Latina tem potencial enorme, porque o sweet spot de crescimento é onde a renda per capita cresce rápido, com penetração indo ainda mais rápido. A população consome até atingir o ponto de equilíbrio de penetração”, explica Caroline.
Chile e Brasil tendem a crescer menos do que Chile, Peru e México, cujo nível de desenvolvimento é menor.
Os fatores cíclicos afetam o curto prazo e são mais difíceis de prever. Houve baixo crescimento na Colômbia, Peru e Chile em 2023, que não condiz com o que seria o aumento esperado, por incertezas políticas, em relação às políticas econômicas, que afetam o país e o potencial de crescimento da indústria.
Para 2024, espera-se que a economia do Chile, Colômbia e Peru tenham um cenário mais favorável para a indústria de seguros. A Argentina é um país pouco citado no Relatório por conta da sua situação econômica, com inflação muito alta que acaba impactando a precificação do seguro, dificultando o ambiente de negócios.
No panorama de seguros, as perspectivas continuam positivas para a região. Espera-se que os negócios Patrimoniais & Responsabilidades (P&C) se beneficiem do recente afluxo histórico de Investimento Direto Estrangeiro, que podem continuar devido a reorganização das cadeias produtivas globais. Ao mesmo tempo que a área de Vida & Saúde (L&H) ainda pode ganhar com o aumento da sensibilização para os riscos decorrentes da pandemia.
O endurecimento dos preços continuará a prevalecer, à medida que as seguradoras façam os ajustes ascendentes de precificação necessários para compensar a inflação elevada e os maiores custos com sinistros.
Espera-se que o novo equilíbrio das taxas de juros seja superior ao que prevalecia antes da pandemia, o que beneficia o resultado financeiro e ajuda a aumentar a rentabilidade das seguradoras.