Sandbox regulatório já entrega novos produtos aos consumidores brasileiros

Lançado em 2020, o Sandbox já conta com seguradoras operando produtos digitais, sendo que algumas já podem sair deste ambiente para o mercado tradicional

por InsurMarket Latam

Em 2020, a Superintendência de Seguros Privados – Susep, autarquia que regula o mercado brasileiro de seguros, abriu as portas do Sandbox regulatório para fomentar a entrada de novas seguradoras digitais no mercado. O objetivo deste ambiente é reduzir os custos e facilitar os processos para os consumidores, com foco na melhoria da experiência do usuário.

Os projetos selecionados trazem novidades para o mercado. Além da customização das coberturas, seguros intermitentes e a cobrança de prêmios considerando o perfil do segurado, os projetos fazem uso de tecnologias como telemetria, geolocalização e imagens de satélite para melhorar a cobertura e a regulação dos sinistros. As propostas incluem ainda produtos alinhados a tendências como o trabalho em regime de home office e iniciativas ASG (Ambiental, Social e Governança) como estratégia.

A primeira edição do Sandbox (2020) selecionou 11 projetos inovadores, dos quais quatro já estão em operação. Na edição de 2021, foram selecionados outros 21 iniciantes.

Os projetos incluem a oferta de seguros em formato pay-per-use e coberturas intermitentes não só para proteção de automóveis, mas também para proteção residencial e para a prática de esportes. Há também propostas que atendem, em formatos inovadores, demandas reprimidas de mercado como seguros agrícolas paramétricos e com uso de tecnologias avançadas para monitoramento e regulação de sinistros, focados na inclusão de produtores rurais de pequeno e médio porte; microsseguros de danos; seguros para caminhões; seguros de fiança locatícia em formatos simples e inéditos; seguros para passageiros que busquem reduzir perdas com cancelamento e remarcação de passagens aéreas e hotéis.

Acidentes pessoais para autônomos

O Brasil possui mais de 43 milhões de profissionais liberais, que trabalham sem o respaldo de um contrato assinado com direito a benefícios governamentais. Para este público a Iza criou um seguro de acidentes pessoais que pode ser contratado pelo celular que atende entregadores, motoristas de caminhão, empregadas domésticas entre outras categorias, que não compram o seguro tradicional porque é caro.

A Iza nasceu na primeira edição do Sandbox Regulatório, iniciando a operação em abril de 2021) e já está quase chegando ao teto de 70 mil segurados. Ao atingir esta marca (ou US$ 200 mil em reserva técnica), a empresa de tecnologia já começa a tratar com o regulador a sua saída do ambiente regulatório especial.

Gabriel Charbonnieres, fundador e CEO da IZA, destaca que apenas em virtude do Sandbox Regulatório a empresa conseguiu iniciar sua operação. “É um grande mérito do regulador criar condições diferenciadas, com o objetivo de democratizar o acesso aos produtos de seguro”.

O mais importante é entender a dor dos clientes, criar parcerias para distribuição (que também pode ser feita através do corretor de seguros) e realizar as vendas, emissão e regulação de forma digital e em tempo real.

“Somos a primeira insurtech, nascida no Sandbox, que criou um seguro liga-desliga, que resolve a dor do brasileiro que está trabalhando. “Conseguimos escalar de forma rápida porque há uma demanda reprimida”, pontua Gabriel.

Aporte financeiro para seguro automóvel

Durante anos o seguro de automóveis foi o produto líder do mercado de seguros. A Darwin Seguros foi incluída na segunda edição do Sandbox Regulatório e já recebeu mais de US$ 10 milhões de aporte de investimento. A seguradora já está autorizada, mas ainda não iniciou a distribuição do seu produto, que será feito de forma totalmente digital, via smartphone.

Firmino Freitas, coCEO e um dos fundadores da Darwin Seguros, ressalta que “o Sandbox é um facilitador para novos projetos de inovação, eliminando algumas barreiras para a entrada de novas empresas no mercado”. E destaca: “É um berçário de inovação”.

A nova seguradora vai comercializar seguro automóvel que irá precificar de acordo com a forma como o usuário dirige e utiliza o seu veículo.

“As pessoas irão pagar o seguro pelo que usam, pois usaremos uma série de dados de telemetria que ficam gravados no app. Utilizamos tecnologia de inteligência de tratamento de dados. A seguradora é 100% digital, mas de forma humanizada”, explica Freitas.

O executivo destaca que é preciso dar continuidade ao trabalho de inovação do mercado.” Disrupção não é sobre destruição, mas sobre evolução. Vamos pegar a indústria de onde ela está e dar continuidade, até onde queremos chegar”.

Sandboxes do mundo

Proliferam os Sandboxes, liderados por órgãos públicos do setor financeiro ou de seguros, oferecendo a oportunidade de desenvolver novas propostas que garantam o cumprimento das regulamentações atuais e futuras. De acordo com um estudo da NTT DATA sobre as novas regulamentações do setor segurador, desde o lançamento do primeiro Sandbox em 2015, no Reino Unido, quase 60 foram criados em apenas seis anos em diferentes geografias e o mercado segurador vem ganhando presença neles.

Sandboxes na Europa representam 25,7% (15 Sandboxes) do total (59). E o mais característico é que há territórios como a África onde o número chega a 20,2% (12) e outros onde supera em muito: é o caso da Ásia, que concentra 42,3% deles, com um total de 25, liderando o ranking mundial. O outro lado da moeda é a América, que até hoje tem apenas 7, o que representa apenas 11,8% do total.

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