Inovar para garantir o futuro: seguradoras se complementam com insurtechs para gerar valor

No contexto do lançamento da Câmara Paraguaia de Insurtech (CAPI), os principais executivos de quatro seguradoras paraguaias discutiram o impacto tecnológico no setor de seguros e a sinergia com o ecossistema insurtech.

por InsurMarket Latam

ENVIADOS ESPECIAIS .- Durante um evento importante realizado na última quarta-feira, 15 de novembro, em Assunção, Paraguai, a Câmara Paraguaia de Insurtech (CAPI) foi oficialmente lançada. O evento incluiu várias palestras, com destaque para o painel intitulado “Inovar para garantir o futuro”.

Participaram do painel os principais executivos de quatro seguradoras paraguaias com perfis distintos: uma de capital estrangeiro, uma cooperativa, uma seguradora local e outra pertencente a uma entidade bancária. Estavam presentes Raquel Riveros, CEO da MAPFRE Paraguai; Liliana Cardozo, Gerente Geral da Tajy Seguros; Liz Fretes, Gerente Geral da Rumbos Seguros; e Franklin Boccia, Presidente da UENO Seguros.

 

O impacto tecnológico no setor de seguros

Para começar, os quatro abordaram a era digital e a adaptação tecnológica das seguradoras no pós-pandemia. Para Raquel Riveros, da MAPFRE, “em todos os setores, em todas as atividades, mas principalmente na nossa, a tecnologia nos permite potencializar nossa capacidade de eficiência operacional, reduzir custos, melhorar a experiência e o relacionamento com nossos clientes. Em nossa indústria, também é muito importante porque nos ajuda a promover, avaliar e aprimorar a gestão de riscos, o que impacta tanto no crescimento quanto na rentabilidade das empresas”. Ela acrescentou que a tecnologia ajuda a tomar decisões melhores e mais oportunas, pois fornece mais informações.

Liliana Cardozo, da Tajy, concordou que a tecnologia está desempenhando um papel cada vez mais importante na indústria de seguros: “Hoje, não podemos mais trabalhar sem pensar em quais processos digitalizar. É uma necessidade, precisamos nos adaptar aos requisitos e a tudo o que está por vir”. Ela destacou que o desafio para as seguradoras é aprender e se adaptar constantemente às mudanças para fornecer um melhor atendimento aos segurados.

Liz Fretes, da Rumbos Seguros, afirmou que “tudo o que fazemos basicamente gira em torno da tecnologia. Precisamos dela para melhorar o processo, a rentabilidade, oferecer melhorias no atendimento e na qualidade do serviço, principalmente aprimorar a experiência do cliente. E isso leva a que possamos usar as pessoas em outras tarefas, evitando processos repetitivos que podem se tornar muito automáticos e mecânicos”.

Franklin Boccia acrescentou que “a tecnologia não apenas mudou a indústria, mudou nosso mundo, nossa forma de vê-lo e julgá-lo. Compramos bens, serviços, mudou nossas próprias relações humanas… A tecnologia, como um tsunami, nos obrigou a nos reconfigurarmos”.

 

Colaboração entre operadores tradicionais e insurtechs

Raquel Riveros destacou que a MAPFRE foi pioneira na colaboração com insurtechs: “Há mais de 3 anos, em 10 países, tanto na Espanha quanto na Ibero-América, lançamos mais de 30 pilotos de colaboração com startups de insurtech. Evoluímos nesse aspecto e hoje podemos dizer que temos uma área na MAPFRE chamada InsurSpace, exclusivamente dedicada a colaborar com as startups”. Eles trabalham em capacidade, ferramentas, pilotos, respaldo financeiro, com o único objetivo de explorar propostas de valor e soluções para oferecer soluções diferentes aos clientes.

“Vários desses pilotos foram aplicados em nossa própria empresa, resultando na simplificação do processo. Hoje temos inúmeros subprocessos totalmente baseados em inteligência artificial. Conseguimos melhorar produtos e serviços para nossos clientes, e também já está incorporado na comunicação com nossos clientes, tanto consumidores quanto distribuidores”, revelou.

Localmente, a inteligência artificial na MAPFRE Paraguai está incorporada em vários subprocessos, no modelo digital, e já estão sendo implementados modelos de relacionamento com os clientes.

 

Requisitos da Superintendência de Seguros em termos regulatórios

Liliana Cardozo da Tajy enfatizou que a Superintendência de Seguros sempre apoia o setor de seguros: “Precisamos que, com todas essas implementações tecnológicas que estamos fazendo, eles também possam atualizar todas as regulamentações. Nós, do lado das companhias de seguros, estamos muito satisfeitos com o apoio que recebemos do órgão regulador, mas precisamos que acompanhem todo esse crescimento que estamos tendo. Muitos dos processos que estamos desenvolvendo já foram automatizados, e aos poucos estamos integrando a inteligência artificial”.

Nesse sentido, ela pediu à Superintendência que os apoie na modernização de tudo o que estão fazendo, “que as normas nos permitam fazer isso e que, nas ações dos novos produtos que estamos lançando, também possamos fazê-lo de forma ágil”. Ela acrescentou que também receberam benefícios fiscais em relação aos impostos.

 

Desafios ao tentar incorporar novas tecnologias e soluções oferecidas pelas insurtechs

A resistência à mudança é, sem dúvida, o primeiro obstáculo em termos de TI. Para Liz Fretes, da Rumbos Seguros, as organizações hoje têm uma estrutura e processos muito rígidos. Portanto, “o principal desafio é essa mudança de cultura que precisamos ter, abrindo um pouco a mente para a inovação”. Em seguida, há a questão do marco regulatório. “O setor de seguros é bastante regulado, portanto, ao incorporar essas soluções tecnológicas das insurtechs, o desafio que temos é que isso esteja alinhado com a regulamentação”, afirmou.

Além disso, há a incorporação dessas soluções aos seus sistemas principais: “O principal desafio é fazer isso da melhor maneira possível, sem muitos problemas. As empresas têm sistemas legados que são compartilhados. Ao incorporar essas soluções tecnológicas, também enfrentamos desafios relacionados à segurança da informação, porque ao adotar novas tecnologias, ficamos expostos a ciberataques”.

E, por último, mas não menos importante, a capacidade interna, para que tudo o que for proposto seja viável, ou seja, possa ser instalado com sucesso. “As empresas têm consciência de que precisamos inovar, estar abertos a isso para continuarmos sendo competitivos, oferecer melhorias e experiências aos clientes, então temos que trabalhar nas estratégias para levar isso adiante”, indicou a executiva.

 

O papel das insurtechs em motivar as companhias de seguros a inovar

“Quem está na indústria sabe que a fé e a confiança são conceitos muito fortes, não são algo romântico. Na verdade, nosso próprio enquadramento legal estabelece isso. Não conheço outro setor em que o enquadramento legal se concentre nisso. Hoje, adquirimos bens, serviços, e a confiança já está instaurada do lado do usuário. Portanto, do lado de nossa indústria, a tecnologia não muda essas regras, pelo contrário, adiciona valor, fluidez, efetividade, potência. Vejo a tecnologia como uma ponte da indústria, do produto ao usuário”, descreveu Franklin Boccia da UENO.

O que as insurtechs deveriam fazer para gerar mais confiança nas instituições? “Falou-se da resistência à mudança. A tecnologia gera incerteza, e como seres humanos, estamos muito acostumados a ter resistência à mudança, a esse novo desafio. Muito passa pela capacitação e instrução. As pessoas precisam saber de suas obrigações e direitos. Isso gera confiança. Da própria indústria, o uso das ferramentas em si nos dá confiança, e a Superintendência deve acompanhar esses processos, com a construção conjunta de um quadro regulatório e legal propício para nosso mercado”, concluiu o executivo.

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