Chegou um novo ano e, com ele, a necessidade de explorar quais serão as questões mais importantes a analisar no âmbito do negócio segurador. A agenda dos CEOs do mercado chega mais carregada do que nunca, com questões urgentes, conjunturais e outras que compõem a estratégia de médio e longo prazo. E entre eles coexistem certas tendências que foram impostas, algumas com menos e outras com maior grau de amadurecimento.
Mas a verdade é que já existem algumas questões que vieram para ficar e não podem ser ignoradas por nenhum executivo do setor. InsurMarket Latam acessou um estudo divulgado pela Capgemini, consultoria global de tecnologia, onde colocam sobre a mesa o que consideram ser as 10 principais tendências de negócios e atividades que devem moldar o ecossistema de seguros em seguros patrimoniais (P&C).
“As principais ações incluem foco no cliente, priorizando a inovação ágil de produtos, incorporando a sustentabilidade à estratégia corporativa e desenvolvendo recursos digitais avançados para construir uma empresa resiliente e pronta para o futuro”, avançam os especialistas.
A seguir, o top-10 com as principais tendências:
1) O seguro incorporado permite que os clientes sejam trazidos no momento certo e pelos canais certos
Com a experiência do cliente como prioridade máxima e as compras digitais se tornando mais populares entre os segurados, as seguradoras oferecem cobertura conveniente e personalizada integrada a outros produtos.
Os seguros embutidos estão ganhando cada vez mais destaque, por isso é importante analisá-los detalhadamente com as vantagens que oferecem. O seguro incorporado é vendido por meio de plataformas de terceiros quando um consumidor compra um produto ou serviço principal. No caso da tecnologia, é oferecida proteção imediata, o que facilita uma cobertura personalizada e adaptada às necessidades do cliente em tempo real, além da troca segura de dados.
É por isso que as seguradoras devem explorar novos modelos e canais de negócios, pois a implementação de seguros integrados requer investimentos em inovação de produtos, recursos de API e expansão de relacionamentos com o ecossistema insurtech.
Os avanços tecnológicos, os comportamentos dos clientes em rápida mudança e a complexidade da compra de seguros estão incentivando mais provedores a explorar o seguro embutido em seus modelos de negócios, tanto para linhas comerciais quanto pessoais”, destaca o relatório.
Prevê-se que até 2023 os clientes aumentem as suas preferências para a contratação de seguros integrados, o que será uma boa oportunidade para as seguradoras e provedores do ecossistema, uma vez que os custos serão reduzidos e poderão ser recolhidas informações sobre o que procuram e pretendem.
2) O seguro feito sob medida existe para preencher a lacuna de proteção para trabalhadores independentes e micromobilidade
As necessidades de proteção para mercados com baixa cultura de seguros e baixa penetração de seguros são muito altas, como a micromobilidade e o mercado de trabalho independente e autônomo, que estão em constante evolução e um crescimento considerável é esperado no futuro.
Nesse contexto, as seguradoras estão redesenhando suas apólices para oferecer cobertura em segmentos historicamente não segurados, como usuários de soluções de micromobilidade e trabalhadores temporários”, explicam.
De fato, o crescimento da economia compartilhada, aliado a um maior foco na sustentabilidade, fez com que a micromobilidade se tornasse uma solução cada vez mais difundida desde a pandemia e principalmente durante o ano de 2022.
E enquanto muitas seguradoras estão trabalhando para fornecer produtos sob demanda, flexíveis e personalizados para essas necessidades, as insurtechs são as pioneiras nesse espaço até agora. O seguro baseado em uso (UBI) é oferecido, como pay-as-you-drive e pay-how-you-drive.
Para aproveitar essas oportunidades, as operadoras precisam de novas propostas que forneçam um ux para construir fidelidade de longo prazo. A convergência de tecnologia e dados tornará essas iniciativas possíveis, permitindo que as seguradoras ofereçam cobertura personalizada em escala.
3) Serviços personalizados e de valor agregado impulsionam o engajamento e a diferenciação do cliente
Os clientes estão em constante mudança em relação às suas preferências, por isso é necessário realizar serviços personalizados para cobrir essas novas tendências que os usuários escolhem. A Capgemini diz que as seguradoras devem inovar e desenvolver produtos que vão além de seu portfólio atual.
O seguro costuma ser um produto com pouco contato entre o cliente e a seguradora, portanto, serviços de valor agregado, benefícios, permitem que as seguradoras se tornem íntimas do cliente, aumentem sua relevância e fidelizem”, destaca o estudo.
Com essa forma de proximidade, as empresas podem aumentar o “engajamento” com o cliente, reforçando os pontos de contato com ele. De fato, de acordo com o Relatório Global de Seguros de Propriedade e Responsabilidade de 2022 da Capgemini, 53% dos clientes estão dispostos a pagar por serviços de prevenção de riscos que aumentam o valor de seus seguros. As seguradoras que oferecem serviços auxiliares além da cobertura primária terão mais sucesso em atrair e reter clientes multigeracionais.
4) A tecnologia e a ciência comportamental estão transformando as seguradoras de “pagadores” em “preventores”
As seguradoras têm uma grande oportunidade de criar novas ofertas de prevenção de riscos e gerar fluxos de receita, ao mesmo tempo em que satisfazem verdadeiramente os segurados. A prevenção de riscos com base em dados e ciência comportamental é uma prioridade para as seguradoras no futuro. Estratégias precisam ser redesenhadas, somadas à gestão e implantação de IoT, Cloud, Inteligência Artificial e Machine Learning, para garantir que as seguradoras se tornem uma fonte de prevenção de riscos, inovando e melhorando a experiência do cliente.
43% das seguradoras de propriedade alavancaram dados e análises para passar de parceiros de risco para preventivos de riscos”, complementa o relatório The Data-Powered Insurer do Capgemini Research Institute.
Este 2023 pode ser uma boa oportunidade para as empresas se articularem com análise de dados, ciência comportamental e ferramentas digitais intuitivas para oferecer soluções de prevenção aos seus clientes.
5) As seguradoras de linhas comerciais criam novos fluxos de receita com serviços de engenharia de risco
Os serviços de engenharia de risco são estratégias e práticas que ajudam as empresas a fortalecer sua resiliência em um ambiente de riscos interconectados, gerenciando ameaças antes, durante e depois de uma perda para minimizar os danos à empresa, suas pessoas e seus ativos.
Questões como geopolítica, mudanças climáticas e a crescente adoção de tecnologias avançadas (IA, direção autônoma, cibernética, drones e empresas conectadas) estão transformando o ambiente de risco, por isso as seguradoras devem ter em mente a importância dos serviços de engenharia de riscos. Algumas já estão desenvolvendo medidas para evitar perdas e, assim, reforçar a cultura de prevenção de riscos.
Espera-se que as empresas atualizem e recorram a serviços de engenharia de risco para ajudar a reduzir o impacto de eventos climáticos e outros riscos comerciais. Essa ferramenta ajuda a proteger o segurado, fornecendo soluções completas antes, durante e depois de um evento”, destacam.
6) Drones, robótica e vídeos ao serviço dos processos de fiscalização
As seguradoras estão substituindo os métodos manuais tradicionais de inspeção de sinistros por drones e robótica habilitados para imagem e vídeo. Isso permite promover novos processos de subscrição e fiscalização de seguros gerais e identificar mudanças de risco na renovação.
A tecnologia veio para dar muita precisão nas reclamações, com drones que trabalham para coletar dados rapidamente, detectar e reduzir riscos nos processos”, ponderam da Capgemini.
O impacto é, sem dúvida, uma redução de tempo e custos, além de um crescimento nas fiscalizações onde a tecnologia também permitirá uma melhor leitura dos processos e reclamações. Encurtar o processo de reclamações, automatizar avaliações de danos, reduzir custos operacionais e aumentar a eficiência de reguladores e reguladores são apenas alguns dos benefícios.
À medida que a adoção da tecnologia de inspeção cresce, as seguradoras mais inovadoras ganharão participação de mercado graças a processos de sinistros mais curtos e melhor experiência do cliente. E à medida que as tecnologias críticas amadurecem, essa tendência catalisará a evolução da indústria em 2023 e além.
7) A análise de dados e a tecnologia avançada permitem preços mais precisos
Os dados em tempo real contribuem para a criação de ferramentas para gerenciar faixas de preço de risco com maior precisão, por meio de processos de automação robótica, além de modelos de realidade aumentada que permitem melhores experiências aos clientes. Estes desenvolvimentos visam otimizar a rentabilidade das seguradoras.
As principais ferramentas vão focar no desenvolvimento de produtos redefinidos, expansão de novos negócios, detecção de oportunidades em cross-selling, melhoria na avaliação de riscos para alcançar maior eficiência na gestão de sinistros, rentabilidade e preços justos”, resume a pesquisa.
Da Capgemini, eles esperam um foco maior na precisão da subscrição em 2023, à medida que as seguradoras implementam programas de transformação que reduzem os índices de despesas e aumentam os lucros por meio de processos eficientes e tomadas de decisão eficazes. No entanto, a mudança transformadora para a automação exigirá um investimento orçamentário em dados e análises preditivas.
A recompensa é que as operadoras que automatizam as plataformas de assinatura reduzem o esforço humano, o erro manual e o tempo de processo, permitindo que os assinantes se concentrem mais em atividades de alto valor.
8) As seguradoras estão priorizando a sustentabilidade dentro da estratégia corporativa
Outra tendência observada é a adoção de modelos de sustentabilidade pelas empresas, buscando colaborar na mitigação do aumento do aquecimento global e das mudanças climáticas. Nesse sentido, a agenda deve ser pensada e avaliada para que as decisões sejam reais, por meio de uma estratégia pensada para alcançar um impacto verdadeiramente positivo.
Vale ressaltar que as perdas devido às mudanças climáticas aumentaram 250% nas últimas 3 décadas. Nesse sentido, da consultoria, eles antecipam que os esforços em direção à sustentabilidade ganharão força a partir de 2023.
À medida que mais eventos climáticos extremos se intensificam e as pressões regulatórias aumentam, as seguradoras continuarão a incorporar políticas ESG em suas decisões de investimento e nomear diretores de sustentabilidade para projetar iniciativas críticas em suas organizações”, explicam.
Eles também esperam que as seguradoras continuem a integrar a sustentabilidade em suas estratégias corporativas. A tendência pode ajudar as empresas a atrair talentos, reduzir custos e aumentar os lucros, modelando com precisão o risco e auxiliando os segurados na prevenção de riscos.
9) As seguradoras estão antecipando mais ataques cibernéticos e reforçando a segurança dos dados dos clientes
As ameaças cibernéticas estão levando as seguradoras a investir em tecnologias modernas, incluindo blockchain, Inteligência Artificial e Deep Learning, para detectar falhas de segurança e fortalecer os principais sistemas e bancos de dados.
As seguradoras são alvos cibernéticos atraentes porque possuem dados confidenciais de clientes, e é por isso que muitas delas estão estabelecendo equipes internas para supervisionar as iniciativas de segurança cibernética”, alertam.
É importante observar que o custo das violações de dados aumentará de US$ 3 trilhões em 2021 para US$ 5 trilhões em 2024, de acordo com um relatório da Tech Target.
Ao construir fortes mecanismos de segurança de dados, as seguradoras irão reforçar as vulnerabilidades digitais e reduzir os vazamentos de informações. Além disso, a Capgemini prevê uma colaboração estratégica entre provedores de software e seguradoras, e a implantação de equipes internas de segurança cibernética para impedir violações de dados.
10) Seguradoras pioneiras estão entrando na fronteira do metaverso
O metaverso leva a experiências digitais imersivas, possibilitadas por meio de realidade virtual e aumentada. As seguradoras estão considerando seu potencial como um canal de distribuição e para novas fontes de receita digital, mas os desafios regulatórios e as ameaças cibernéticas podem apresentar obstáculos.
As seguradoras estão contemplando técnicas de metaverso (inteligência artificial, realidade aumentada e virtual, blockchain, nuvem e jogos) para analisar o comportamento do cliente por meio da atividade de seus avatares e seu histórico de compras. A estratégia permite que as seguradoras ofereçam produtos adequados nos momentos certos, buscando protegê-las contra os riscos a que estão expostas”, destacam.
Enquanto o metaverso está em sua “infância”, ele está de fato se movendo lentamente em direção a uma maturidade mais firme. Como um novo canal, o metaverso provavelmente pode ajudar a descobrir novos clientes em potencial. As experiências imersivas permitirão que os clientes entendam os produtos de seguros mais profundamente, e essa tendência pode ser integrada à cadeia de valor do seguro à medida que a tecnologia amadurece e a jornada do cliente se torna imersiva.
E resumo:
A digitalização impulsionará a inovação de produtos, abrirá novos modelos de negócios e ajudará as operadoras a aproveitar as soluções de tecnologia avançada. Como resultado, as empresas fortalecerão seus sistemas principais, otimizarão custos por meio de modelos operacionais de TI otimizados e construirão uma empresa resiliente e pronta para o futuro.