Baixo consumo de seguros faz do Brasil um mercado estratégico

O presidente da Swiss Re Latam fala sobre a participação do Brasil e dos países da região na estratégia de parceria com seguradoras.

por InsurMarket Latam

ENTREVISTA.- A lacuna de proteção de seguros no mercado brasileiro continua atuando para atrair investimentos de empresas internacionais. Se mercados desenvolvidos possuem participação no PIB de quase 10%, este número não passa de 3% no Brasil.

Vemos muitas oportunidades”, afirma Fred Knapp, Head Reinsurance Brasil & Southern Cone e Presidente da Swiss Re Brasil Resseguros, ressaltando que este é um mercado estratégico que demanda investimentos de longo prazo.

Na América Latina, há os riscos em comum em vários países, como os de property e RC, apesar de cada país possuir as suas particularidades. “A judicialização é um fator que influencia muito nos produtos de Responsabilidade Civil, como Argentina e um pouco no México, e outros que nem tanto. O produto se adapta às particularidades de cada país”, explica Knapp.

Ainda há um espaço importantes no seguro de property, na forma como estão estruturados os contratos. Tirando a versão para riscos catastróficos, como o mercado chileno – exposto a terremoto, o mercado mexicano – exposto a terremoto e furacão, os demais itens são similares.

No Brasil, o seguro agro é muito relevante, mas há similaridades com itens utilizados no México, que possibilita a troca de conhecimento entre os subscritores. O seguro paramétrico ou o seguro pecuário pode ser aplicado na Colômbia, México ou Peru. Fizemos um seguro para pescadores no Equador que talvez possa ser adaptado à realidade brasileira. É possível fazer a troca e compartilhamento das informações entre os países da América Latina”.

Tratando das diferenças entre os países Latam é importante ressaltar que o Brasil possui um mercado de resseguros aberto há apenas 15 anos. “Comparado com mercados mais maduros como México e Chile, ainda há um espaço importante a ser ocupado, para se profissionalizar em relação à compra de resseguro no longo prazo”, comenta Knapp.

O mercado de resseguros é totalmente vinculado à economia global. Os efeitos do furacão Ian vão refletir na compra de retrocessão e pulverizado de forma global. “No último ano, já vimos o endurecimento de taxas em determinados mercados. A tendência é o Brasil estar mais próximo às tendências globais”, avalia o CEO da Swiss Re. No Brasil, as perdas do seguro agro em 2021 foram pulverizadas no mercado internacional. Apenas a Swiss Re perdeu algo em torno de R$ 140 milhões. A guerra na Ucrânia ditará impactos no seguro auto, por exemplo, porque mesmo com a produção local, ainda haverá falta de peças de reposição.

O Brasil ainda está em uma fase de aprendizagem, que possui muitos riscos retidos pelas cedentes.

Queremos trazer conhecimento internacional para promover a troca de informações e auxiliar as seguradoras a criar novos produtos e a melhorar a jornada do cliente”, completa Knapp.

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